A primeira resposta para essa pergunta é sim, e não.
Mas antes vamos entender como nossas memórias moldam nossos comportamentos e atitudes.
Sem que nós percebamos, nossas memórias estão constantemente nos ajudando a escolher o que fazer, o que comer, que atitudes tomar. E isso é parte de um processo natural de aprendizado e até uma estratégia de sobrevivência.
Acontece que nas nossas memórias registramos também a emoção que sentimos naquele determinado momento e conforme vamos repetindo alguns padrões de comportamento, essas emoções vão se intensificando, consolidando, e fortalecendo aquele padrão.
Uma pessoa que não gosta de um determinado tipo de alimento, por exemplo, a cada vez que é exposto a esse alimento tem a tendência de reforçar a sua repulsa, uma vez que as memórias com sentimentos desagradáveis vêm à tona e junto com isso a conclusão de que devemos nos afastar daquele alimento. E Esse evento atual também será armazenado na memória.
Podemos ir um pouco além da alimentação e pensar sobre os estados emocionais que vivemos no nosso dia a dia. E hoje a ciência já comprovou por inúmeros estudos que pessoas que vivem estados emocionais mais positivos tendem a ser mais saudáveis.
Você já parou para pensar porque toda vez que você recebe uma fechada no trânsito, ou recebe um feedback negativo de alguém, nós reagimos, e muitas vezes com muita raiva? Raiva até de intensidade desproporcional ao tamanho do estímulo?
Isso acontece pelo mesmo padrão de intensificação de emoção por repetição de comportamentos.
Agora como seria se pudéssemos de forma intencional mudar esses padrões? Se pudéssemos reprogramar padrões limitantes guardados na nossa memória?
Existem algumas técnicas para acessar alguns arquivos na nossa memória e reprogramar esses arquivos, ou seja, escrever de novo aquela memória. Ao fazer isso, podemos criar padrões novos de comportamentos, que tragam mais bem estar, mais produtividade e consequentemente uma vida mais feliz.
Se observarmos no nosso dia a dia, nós fazemos algumas dessas reprogramações de forma inconsciente, por exemplo, ao relembrar de algum fato antigo, e darmos ênfase a aspectos daquele fato que não tínhamos nos atentado antes.
Um exemplo é relembrar de uma viagem de férias que teve alguma intercorrência no final e que deixou uma sensação desagradável, e realmente entrar naquela lembrança e explorar, por exemplo, as experiências divertidas, passeios, restaurantes etc. Essa exploração mental faz com que coloquemos o nosso foco nas coisas positivas e fiquemos com a certeza de que foi uma viagem boa (apesar das intercorrências). No filme Divertida Mente existe uma passagem belíssima mostrando exatamente esse processo.
Então, de forma simples, mudamos o significado e a emoção relacionadas àquela viagem, ficando com o registro mais vívido das partes positivas.
O trabalho com nossas memórias não tem a intenção de apagar fatos, nem distorcer realidades, mas sim de ampliar a nossa visão e compreensão sobre os fatos, levando em consideração aspectos não percebidos do que vimos, ouvimos e sentimos.
E para ser realmente efetiva essa reprogramação (ou ressignificação) precisa ser feita no nível cognitivo e emocional.
Nos últimos 10 anos, pude realizar ressignificações em inúmeros casos, com as mais diversas histórias e em todos eles as pessoas passaram a viver de forma mais alegre, com menos dores, e menos sofrimento. E acredito que todos merecem viver desta forma!!
O único cuidado é ser feito por pessoas éticas e experientes, para que não hajam distorções que possam levar o indivíduo a ter novos padrões até mais limitantes do que o inicial.
Reprogramar as memórias certas, do jeito certo gera sim uma vida mais saudável!