Atualmente, existem cerca de 7,53 bilhões de pessoas no mundo. Isso quer dizer que temos mais de centenas de milhões de formas de enxergar a realidade e de compreendê-la. Temos milhares de formas de nos organizar culturalmente, formas de amar, de nos relacionar, valores do que é certo e errado, permitido e proibido. Também é verdade que temos inúmeras formas de expressar o que sentimos.
A correria do dia a dia, do trabalho e das relações interpessoais nos trazem algumas reações. Esse texto vai falar especificamente de uma que está bem presente na nossa realidade: o estresse. De acordo com a pesquisa do Internacional Stress Management Association (Isma), o Brasil ocupa o 2º lugar em nível de estresse. Com 70% da população sendo afetada, o País fica atrás somente do Japão.
Você saberia dizer o que é o estresse, assim, de imediato? O que vem a sua cabeça quando escuta essa palavra?
A definição médica entende o estresse como um estado gerado pela percepção de estímulos que provocam excitação emocional e, ao perturbarem a homeostasia – estado de equilíbrio das diversas funções e composições químicas do corpo, como por exemplo temperatura, pulso, pressão arterial, taxa de açúcar no sangue – levam o organismo a disparar um processo de adaptação caracterizado pelo aumento da secreção de adrenalina, com várias consequências sistêmicas.
O estresse por si só não é necessariamente ruim. Existe um nível dele, que nos faz render mais, focarmos no que precisamos fazer. Pense em um dia que você precisava entregar um relatório, ou uma tarefa, e por estar com o tempo curto, se concentrou para realizá-la. Esse estresse é positivo. No entanto, quando passamos de um certo limiar de tensão, e isso infelizmente não é mensurável, começamos a ter repercussões em nosso corpo e em nossa mente.
Além do estresse cotidiano no trabalho, podemos passar por situações em outros ambientes que nos levam a desenvolver algum tipo de doença mental – seja na família por alguma briga não resolvida, seja em um relacionamento abusivo em que uma pessoa sufoca a outra, e por aí vai.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema atualmente, nos últimos dez anos, segundo dados do Ministério da Previdência Social, a concessão de auxílio-doença acidentário devido a transtornos mentais e emocionais aumentou em quase em 20 vezes. É a segunda maior causa de afastamento do serviço.
Tristeza, sensação de fracasso, mal-estar, esgotamento, desânimo, falta de prazer, ansiedade, quando surgem de forma constante são sintomas emocionais que alertam para um possível quadro de doença física ou mental na qual precisa ser investigado e tratado por um profissional especializado. E quanto antes a pessoa procurar ajuda, melhor.
O que podemos fazer para ficarmos menos tenso?
Para isso, é necessário voltamos um pouco para dentro e identificar o que é que nos tem tirado a paz. E nem sempre fazer isso sozinho é uma tarefa fácil. Uma vez identificado os fatores principais que estão perturbando o sossego, é preciso descobrir formas de resolver, ou neutralizar esses fatores estressores.
Nessa hora, podemos recorrer à ajuda de amigos, familiares, terapeutas, coachs, psicólogos, médicos, enfim uma ampla gama de profissionais que irão ajudar a olhar a situação “de fora” e a partir daí montar um plano de ação.
Podemos também fazer uma autoanálise das coisas que não estão dando certo, e escolher a forma mais apropriada para lidar com esses problemas. Quando for fazer isso, faça por escrito, mesmo que você decida jogar fora ou queimar esse papel depois. Colocar no papel nos ajuda a organizar melhor as ideias, e evita que fiquemos pensando no mesmo problema inúmeras vezes, fazendo parecer que são muitos ao invés de um.
Outras atividades ajudam a restabelecer o equilíbrio no corpo e devem ser realizadas, como uma alimentação equilibrada, atividade física, reservar algum tempo para o lazer e procurar dormir bem. Nem sempre é fácil coordenar tudo isso, e essas atividades também não devem se tornar mais uma fonte de preocupação. Para isso, comece leve, e seja gentil com você mesmo. Vá ampliando o tempo e a carga conforme for se sentindo confortável.
Para restabelecer o equilíbrio mental, o melhor caminho é o autoconhecimento. Entender como a mente processa as informações e as emoções nos ajuda a utilizar nossa energia psíquica de forma mais eficiente e práticas de mindfulness, meditação, respiração consciente nos levam para estados mentais e emocionais de maior calma e tranquilidade
Dessa forma, ampliamos a nossa capacidade de lidar com situações estressantes, nos recuperamos mais rápidos dos deslizes e tropeços da vida e nos tornamos mais fortes e resilientes. E se queremos ter uma vida mais feliz, precisamos ficar menos tempo preso em estados emocionais limitantes.