Ser independente, ou seja, in (não) depender de ninguém. Eis a chave para a liberdade do ser.
Em uma análise mais superficial, essa reflexão pode ser interpretada como algo ligado ao egoísmo, embora a independência (o não depender dos outros) seja, em qualquer nível (pessoal, financeiro, sociofamiliar, etc.), algo que sempre buscamos. Ela traz uma sensação de estarmos agindo, pensando, como se fosse algo errado, incorreto. Isso porque desde o nosso nascimento fomos “educados” para sermos dependentes – dos pais, dos irmãos, dos colegas, como profissionais, etc. Perpetuamos esse hábito como sendo a atitude correta, pois somos seres sociais, comunicamos e devemos conviver e compartilhar nossos espaços com todas as outras pessoas.
Existe um fato que é real, enquanto criança imatura: para a nossa sobrevivência física precisamos ser alimentados, dependemos disso. O amamentar, o alimentar, estão ligados à nossa sobrevivência física, que é uma dependência real e necessária.
A nossa educação verdadeira deveria focar nisso, ou seja, nossos pais deveriam nos criar mostrando que dependemos deles para receber alimento e proteção contra a agressão do meio, e só! Assim, cresceríamos gratos a eles e ao mesmo tempo aprenderíamos a nos defender, a nos autosuprir.
A nossa independência estaria, de certa forma, garantida. Seríamos então educados, pois estaríamos ampliando a nossa visão e compreensão sobre a realidade da vida. Entre elas, acreditar no nosso potencial de luta pela sobrevivência.
Na verdade, o que nos foi dado como “educação” foi, no fundo, uma superproteção, nos considerando incapazes, imaturos. Isso cria uma crença de incapacidade e impotência, e gera dependência. Junto com a dependência material e física criaram a dependência emocional – e assim, hoje adultos, estamos presos uns aos outros em um processo de dependência cada vez maior, nos sentindo presos e infelizes. Na idade adulta, buscamos a independência financeira. Então nos sentimos livres dos pais, o que no fundo trata-se de um grande engano, pois continuamos dependentes emocionalmente das relações sociofamiliar e profissional. Vivemos aprisionados em crenças como a de que devemos compartilhar e conviver com outros, e que atitudes de independência são vistas como rebeldia, como confronto com sociofamiliares, etc.
Mas o que é ser verdadeiramente independente? A verdadeira independência vem da consciência do seu poder pessoal de perceber a si mesmo nas suas limitações (dependência em relação aos outros) e na sua vontade verdadeira de ser livre. Assumir o seu poder pessoal de agir e ser o que você verdadeiramente optou por ser – independer dos outros.
Essa transformação de um ser dependente para um ser independente é um processo gradativo de conscientização e auto-reflexão de tudo aquilo que trará sensação e sentimento de medo de ficar sozinho, de decidir, etc. Principalmente a consciência de que a independência não é, necessariamente, se isolar, viver o seu mundo da forma como quiser; muito pelo contrário, a independência é o exercício do direito ao seu livre arbítrio. Com certeza, a independência o leva à verdade, à realidade dos fatos, ao que realmente existe, à simplicidade do que realmente está acontecendo com você e com os outros. Assim, nessa simplicidade você pode exercer a plenitude do seu ser – a independência e não a morte.
crédito imagens: Istock