Nas redes sociais, nem sempre a vida é o que parece

“Olhando bem de perto, ninguém é normal”, já diz o ditado popular. A partir dele, podemos fazer um paralelo com redes sociais e toda a falsa sensação de felicidade e realização plena que as pessoas demonstram na internet. Como todos sabem, as conexões digitais além de agrupar pessoas e ideias elas também servem para exposição de si e da vida que se leva – ou a vida que gostaríamos de ter.

Uma pesquisa realizada pela instituição de saúde pública do Reino Unido, a Royal Society for Public Health, com 1479 jovens de 14 a 24 anos, mostra que redes sociais são mais viciantes que álcool e cigarro. E, dentre elas, o Instagram foi avaliado como a mais prejudicial à mente dos jovens. Segundo essa pesquisa, a utilização das redes sociais gera um impacto negativo no sono, aumento da ansiedade, piora na autoimagem corporal e aumento na solidão.

Considerado um dos maiores especialistas em Freud no país, Leopold Nosek, disse recentemente:

“Quem é mais velho se encontrava na praça, isso antes da TV. Terminava a missa, a cidade passeava e havia a paquera e a futrica. Acho que as redes sociais são como a praça do interior. Coisa íntima, de verdade, não circula lá. São aparências de intimidade”.

Na avaliação de Nosek, as grandes infelicidades não aparecem na rede e as grandes felicidades também não. Ou seja, as pessoas só postam aquilo que elas querem que as outras vejam, como acontecia nas praças antigamente.

Mas não podemos demonizar as redes sociais focando apenas em seu aspecto negativo. Assim como a internet, elas têm o papel de conectar pessoas que não estão fisicamente próximas e promover o debate de ideias. Podemos pegar como exemplo a Primavera Árabe, série de protestos, revoltas e revoluções populares contra governos do mundo árabe que aconteceu em 2011 e foi amplamente divulgada pelo Twitter. O ocorrido gerou comoção mundial e mostrou o poder que as redes têm de atingir toda uma estrutura. E esse foi só um dos casos, mas podemos pegar também as publicações que geram empatia e vontade de ajudar pessoas que passam por situações de vulnerabilidade social.

Como praticamente todas as coisas na vida, as redes sociais são ferramentas que podem ser utilizadas de formas produtivas ou não. O que precisamos estar atentos é para o uso excessivo delas.

E para utilizar com sabedoria, é necessário refletir sobre o que realmente buscamos com essas conexões digitais. Podemos encurtar distâncias, nos comunicar mais rápido, interagir com pessoas novas. Isso é maravilhoso!

Podemos também nos esconder atrás de post que mostram somente a parte idealizada da vida, e acreditar que a nossa autoestima irá aumentar na mesma proporção dos likes… E isso é se enganar.

Confira abaixo um vídeo feito em 2014 que mostra como nem sempre o que é postado nas redes sociais corresponde com a realidade: