Nós, adultos, somos reflexos das experiências que tivemos quando fomos crianças. Essas vivências influenciam, de forma consciente – ou não – nossa forma de ver, sentir e planejar nossa vida. Já sabemos que crianças nascem despidas de preconceitos, ideologias e posicionamentos. Para os pequeninos, tudo é novo, é conhecimento, é entusiasmo. Para realmente compreender isso, é só observar uma criança aprendendo alguma coisa: a forma como ela fita quando alguém fala algo que desperta o interesse dela, ou o brilho no olhar ao ver o coleguinha brincando com algo.
Esquecemos com muita facilidade como esses detalhes são importantes e verdadeiros. Se tivermos a curiosidade de estar próximo de crianças, e procurarmos enxergar o mundo como elas, poderemos reaprender a ver como a vida é um gigantesco universo a ser explorado. A concepção que temos enquanto adultos é que crianças devem só brincar e se dedicar aos estudos, em alguns casos reforçamos para elas nossas crenças e visões de mundo – o que não é ruim em sua essência. Mas esse brincar tem de ser livre. Fora dos moldes que nós adultos queremos impor ou ensinar. Criança não brinca, criança gosta de criançar.
E nesse criançar, ela constrói uma realidade imaginária, com inúmeras possibilidades, se arrisca, se expõe, aprende fazendo, aprende vendo, aprende errando, se torna invencível e ao mesmo tempo vulnerável. Essa vitalidade do criançar, traz alegria, ternura, amor, de formas muito puras e genuínas.
Eu sei que pode parecer difícil o exercício de sair de si e encontrar-se com a sua criança interior, mas tente. Abrace um travesseiro, ou uma almofada, como se fosse a sua criança e respire aí por um instante. Como falei acima, a nossa infância nos marca e define muito das nossas atitudes no presente – e nossa criança interior pode estar se sentindo realizada ou triste, mas só saberemos ao certo, ao olharmos para dentro de nós mesmos e neste gesto, procurar e acolher essa criança, independentemente de como ela se apresente para você.
A partir daí vai começar a perceber que a sua forma de se relacionar com as pessoas e lidar com situações ficam mais leves, como elas devem ser. O que quero dizer é que você não deve deixar de cumprir suas responsabilidades enquanto adulto e nem se comporte de forma infantilizada. Mas sim, trazer a memória sua criança interior, honrá-la, respeitá-la e deixar ela livre para te ajudar a ser livre também.